domingo, 13 de março de 2011

A Guerra dos Cem Anos

A expressão Guerra dos Cem Anos, surgida em meados do século XIX, identifica uma série de conflitos armados, registrados de forma intermitente, durante o século XIV e o século XV (1337-1453), de acordo com as datas convencionais), envolvendo a França e a Inglaterra. A longa duração desse conflito explica-se pelo grande poderio dos ingleses de um lado e a obstinada resistência francesa do outro. Ela foi a primeira grande guerra europeia que provocou profundas transformações na vida econômica, social e política da Europa Ocidental. A França foi apoiada pela Escócia, Boêmia, Castela e Papado de Avignon. A Inglaterra teve por aliados os flamengos e alemães e Portugal. A questão dinástica que desencadeou a chamada Guerra dos Cem Anos ultrapassou o caráter feudal das rivalidades político-militares da Idade Média e marcou o teor dos futuros confrontos entre as grandes monarquias europeias.

Principais batalhas

Europa em 1430, na última fase da Guerra dos Cem Anos.
Entre os episódios mais importantes do conflito citam-se:
  • A Batalha de Sluys (1340);
  • A Batalha de Crécy (1346);
  • A Batalha de Calais (1347);
  • A batalha de Poitiers (1356);
  • A Batalha de Cocherel (1364);
  • A Batalha de Azincourt (1415);
  • A Batalha de Orleães (1429);
  • A Batalha de Jargeau(1429);
  • A Batalha de Meung-sur-Loire (1429);
  • A Batalha de Patay (1429);
  • A Batalha de Formigny (1450);
  • A Batalha de Castillon (1453).

Consequências

Os conflitos deixaram um saldo de milhares de mortos em ambos os lados, e uma devastação sem precedentes nos territórios e na produção agrícola francesa.
No plano político e social, a Guerra dos Cem Anos contribuiu para a Dinastia de Valois, apoiada pela burguesia, fortaleceu o poder real francês, abrindo caminho para o chamado absolutismo, por vários motivos:
  • Liquidou com as pretensões inglesas sobre territórios na França;
  • Os feudos do rei inglês, na França, passaram para o domínio da coroa francesa;
  • O longo período de guerras enfraqueceu bastante a nobreza francesa, porque, à medida que os nobres morriam, seus feudos iam passando para o domínio do rei, debilitando o sistema feudal.
  • Construção de uma identidade nacional entre os franceses;
  • Tornou possível a criação de algumas instituições de governo centralizadas.
  • A cavalaria entrou em decadência.
  • Atrasou a expansão marítimo-comercial norte-francesa o que lhe custaria a perda de grande parte do mundo para os países ibéricos, razão pela qual a França foi o único dos grandes países expansionistas a ter impacto e influência demográfica desprezível nas Américas em contraste com países menores tais como Portugal (ao contrário da França, a Inglaterra e posteriormente a Holanda conseguiram recuperar o tempo perdido, inclusive superando os países ibéricos no hemisfério leste e maior parte da América Setentrional).
No plano das relações internacionais da Europa no período, o conflito se liga ainda a outros episódios como a Guerra Civil de Castela, os confrontos na Sicília entre a França e o reino de Aragão e mesmo o chamado Papado de Avignon.
Poderá, enfim, dizer-se que a Guerra dos Cem Anos marca o final da Idade Média e anuncia a Época Moderna.

Curiosidades

  • A pólvora foi pela primeira vez utilizada como arma em combate na Europa nos campos de Crecy, pelas tropas inglesas. O pedreiro causava mais ruído do que estragos materiais, mas foi eficiente para assustar a cavalaria francesa.
  • Joana d'Arc, heroína francesa no conflito, quase cinco séculos após a sua execução na fogueira por suposta prática de feitiçaria, foi canonizada pela Igreja Católica, em 1920, como Santa Joana d'Arc. Deve-se, no entanto, recordar que, já em 1456, Joana foi declarada inocente pelo Papa Calisto III, confirmando que a Igreja da Inglaterra, nesse julgamento, agiu por conta própria, por pressão dos ingleses e interesses políticos.
  • Apesar do nome, a Guerra dos Cem Anos durou exatos 116.
Lenepveu, Jeanne d'Arc au siège d'Orléans.jpg

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